*Por Patrícia Capovilla
Se você ainda não terminou o Ensino Médio, mas já está pensando no vestibular, temos uma boa notícia: é possível participar dos principais processos seletivos como treineiro. A prática, cada vez mais comum, permite que estudantes avaliem seus conhecimentos antes de chegar a hora "para valer". Mas será compensa fazer isso? E como funciona?
Se você ainda não sabe, treineiros são estudantes que ainda não concluíram o Ensino Médio e, por isso, não podem disputar uma vaga de fato nas universidades públicas ou privadas. Mesmo assim, eles podem se inscrever nos processos seletivos, fazer as provas e avaliar seu desempenho, o que ajuda a entender se a preparação está no rumo certo ou será necessário adotar novas estratégias. Na prática, é como um "test-drive" do vestibular real: você participa de tudo, mas sem concorrer às vagas.
Cada faculdade tem autonomia para definir como serão avaliados os treineiros, mas na maioria dos casos, já na inscrição para o exame tem um campo específico e os dados dos candidatos são tratados separadamente, de forma que ele não irá aparecer na classificação geral do vestibular.
A procura dos treineiros pelos vestibulares mais concorridos fez com que a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) criasse, no ano passado, a "carreira" treineiros. Até então, os candidatos que ainda não haviam terminado o Ensino Médio podiam escolher qualquer curso disponível. Agora, é obrigatório optar por uma das três opções: Treineiro Ciências Humanas/Artes, Treineiro Ciências Exatas/Tecnológicas e Treineiro Ciências Biológicas/Saúde.
Esses estudantes não participam das provas de Habilidades Específicas, não são convocados para matrícula e não concorrem às vagas reais. No entanto, recebem certificado de participação e têm sua classificação divulgada entre os demais treineiros da mesma área. A ideia é incentivar a familiarização com o modelo do vestibular, sem gerar distorções na concorrência.
Na Fuvest (Fundação para o Vestibular), que seleciona alunos para a USP (Universidade de São Paulo), os treineiros se inscrevem para o vestibular como os demais candidatos, mas optam pela modalidade de treineiros. Como na Unicamp, precisam escolher entre as áreas de Humanas, Biológicas e Exatas.
Eles fazem a mesma prova dos candidatos regulares, como nas demais universidades. Apesar de não concorrerem às vagas verdadeiras, os estudantes podem simular a experiência completa do vestibular, avaliar o próprio desempenho com base em resultados reais, identificar pontos fortes e fracos na preparação, ter uma ideia da pressão e do ritmo da prova.
Na Unesp (Universidade Estadual Paulista) , o número de treineiros vem crescendo. No Vestibular de Meio de Ano 2024, foram 517 inscritos nessa modalidade. Em 2025, o número saltou para 683 treineiros, entre os 2.568 candidatos. Os estudantes devem marcar a opção treineiros no ato da inscrição, que custa a metade do valor normal. No resultado final, os treineiros recebem nota completa, classificação entre os demais treineiros e acesso a notas comparativas por curso, onde é possível ver se a pontuação final se aproximou da nota do último classificado nas vagas reais.
ENEM: TREINEIRO TAMBÉM PODE, MAS A NOTA SAI DEPOIS
O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) também aceita a participação de treineiros. Os resultados desses candidatos são divulgados com 60 dias de atraso em relação aos demais, porque eles não podem disputar vagas em programas como Sisu (Sistema de Seleção Unificada), Prouni (programa Universidade para Todos) ou Fies (Fundo de Financiamento Estudantil). Mas, como nas universidades, é uma ótima oportunidade para entender como é o exame e elaborar estratégias para ter um melhor desempenho quando for para valer.
MAS AFINAL: VALE A PENA SER TREINEIRO?
Sim! Para a maioria dos estudantes, a experiência como treineiro pode ser decisiva. E nós listamos abaixo os principais motivos:
- Vivência real de prova: nada como sentir a pressão do dia do vestibular para se preparar melhor.
- Autoavaliação: ver sua nota e comparar com os classificados ajuda a traçar metas.
- Planejamento estratégico: ao entender suas falhas, você pode ajustar o ritmo de estudos com base em dados concretos.
- Redução da ansiedade: saber como é o processo tira o peso da incerteza no ano "valendo".
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