Balanço divulgado pela Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest) indica que 8,1% dos 61.627 inscritos no Vestibular Unicamp 2023 deixaram de fazer a prova da primeira fase, realizada neste domingo (6/11).
Ao todo, 56.611 estudantes fizeram a prova aplicada em 31 cidades do estado de São Paulo e em 5 capitais.
A taxa de abstenção foi a segunda menor nos últimos seis anos e, segundo o diretor da Comvest, José Alves Filho, foi influenciada por uma abstenção atípica em Fortaleza (CE) onde a prova coincidiu com o vestibular da Universidade Estadual do Ceará (UEC). A abstenção na capital do Ceará atingiu a faixa de 23%.
Em 2021, a taxa de abstenção foi de 7,7%.
Em Campinas, a abstenção foi de 9,6% e em São Paulo de 7%. As cidades com menor percentual de ausentes foram Indaiatuba (SP) e Piracicaba (SP), ambas com 4,9% de ausentes. Os índices por cidade estão disponíveis na página da Comvest na internet, assim como a prova da primeira fase.
O gabarito será divulgado na próxima quarta-feira (9/11), também no site da Comvest.
A lista de aprovados na primeira fase será divulgada no dia 3 de dezembro, juntamente com os locais de prova da segunda fase e as notas de corte.
A Comvest está disponibilizando, aos candidatos, um formulário de alteração de dados, até dia 9/11. Os dados que podem ser corrigidos são os seguintes: nome, RG, data de nascimento, telefones, e-mail, ano de conclusão do ensino médio.
A prova
A prova da primeira fase foi composta de 72 questões de múltipla escolha, distribuídas da seguinte maneira: 12 questões de Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa, 12 questões de Matemática, 8 questões de História e 8 questões de Geografia (incluindo Filosofia e Sociologia), 8 questões de Física, 8 questões de Química, 8 questões de Biologia e 8 questões de Inglês.
O diretor da Comvest enfatizou o compromisso da universidade em elaborar uma prova que dialogue com as grandes questões e temas contemporâneos. Transfeminismo, cracolândia, Amazônia, combustíveis verdes, entre outros, são alguns dos temas enfocados nas questões.
A ênfase nos temas atuais tem, segundo Alves Filho, tanto o objetivo de selecionar estudantes com o perfil desejado pela Unicamp, quanto de influenciar o currículo, a fim de estimular as escolas a trabalharem essas questões, a partir de uma perspectiva científica, contemplando uma diversidade de linguagens e saberes.
Já a coordenadora acadêmica da Comvest, Marcia Mendonça, chamou a atenção para o fato de a prova ser uma "prova de leitura", que exige do estudante capacidade de lidar com diversos tipos de texto charges, fotografias, diagramas, obras artísticas, além de textos convencionais -, buscando neles ou a partir deles as respostas às questões.
Análise da prova
O coordenador do Poliedro Curso de Campinas, Victor Ricci, chamou a atenção para o caráter político e social da prova, o que é tradicional no vestibular da Unicamp. "Havia questões sobre transfeminismo, cristianismo nas periferias, entre outros, que são temas para os vestibulandos que estão ligados no que está acontecendo", diz.
Outra característica da prova da Unicamp que apareceu no Vestibular 2023 é o uso de conteúdos da internet como base das questões, complementa Ricci.
A interpretação deu o tom das provas de Literatura e de Química. "Só uma ou duas questões exigiram cálculos simples dos alunos, o restante foi intepretação", detalha Ricci ao comentar a prova de Química.
Já as provas de Matemática e Física fugiram ao padrão. "A prova de Matemática foi mais abstrata e trabalhosa do que em anos anteriores e a de Física teve questões com enunciados mais diretos, com menos situações-problemas", analisa do coordenador do Poliedro Curso.
Vestibular 2024
Segundo o diretor da Comvest, o número de questões (72) será mantido na primeira fase do Vestibular 2024.
Além disso, está prevista para o próximo ano, a intensificação de ações para divulgar o vestibular da Unicamp que, assim como outros vestibulares e o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) perdeu candidatos nas últimas edições. Para José Alves Filho, a queda é efeito dos ataques à universidade pública e os cortes de recursos que foram recorrentes nos últimos quatro anos, no contexto do governo do presidente Jair Bolsonaro.
Entre as ações previstas está a realização de oficinas na sede da Comvest, visitas e contatos com as escolas, além do aprimoramento do simulado online, com provas antigas do Vestibular Unicamp, lançado pela Comvest.