O último ano do ensino médio é um período crítico para boa parte dos jovens. Isso porque é justamente nessa época que o dilema “o que você vai ser daqui por diante?” é posto em prática. Tem aqueles que já nascem com a resposta na ponta da língua, pois sabem desde pequenos que carreira seguir. Mas, por outro lado, existem os que estão indecisos e ainda os que estão perdidos sobre que profissão escolher.
Se você se encontra na segunda categoria, independentemente da situação, o Insper preparou essa reportagem para te ajudar a decidir que caminho tomar. Com dicas de professores, orientadores vocacionais, psicólogos e estudantes, entre bichos e veteranos, acompanhe a matéria seguir. Aproveite também para relaxar, pois você verá que é normal se sentir despreparado, mas com um pouco de orientação a escolha certa será encontrada. Veja no vídeo abaixo.
Autoconhecimento
De acordo com Gabriela Eitelberg de Azevedo, psicóloga do núcleo de carreiras do Insper, não existe a vocação a se seguir e sim um conjunto de características que são ideais para determinada tarefa ou profissão. “Os jovens misturam ir bem na escola com habilidades. Aquele que vai mal, sente que não tem nada de competente. Isso não é verdade”, afirma. “Eles têm muita dificuldade de perceber quais são suas habilidades, competências, o que gostam de fazer. Na hora que se derem conta disso, terão mais facilidade para escolher sua carreira.”

Uma dica para se conhecer melhor é fazer exercícios. Um que Gabriela indica é tentar listar de três a oito realizações. “Eles pensam que são grandes feitos para a humanidade, mas não é isso. É uma prova que conseguiu passar, uma conversa importante que teve com um amigo, uma contribuição que fez para a comunidade”, diz a psicóloga. A partir destas informações, o jovem deve-se perguntar o que de sua personalidade contribuiu para atingir esse objetivo e, assim, é possível descobrir suas maiores características.
Já Francisco Toledo Muzetti, estudante do 1º semestre de Administração no Insper, acredita que é necessário voltar às suas origens. A ideia é retornar à sua infância e tentar encontrar indícios do curso que você deve fazer por meio de seus principais hobbies e gostos. “Por exemplo, minha mãe é dentista e minha avó diz que ela sempre olhava a boca das pessoas quando era criança. No meu caso, eu gostava do ramo de comércio. Cheguei até a fazer um mercadinho com minha irmã e minhas primas. Elas vendiam pulseiras e eu cuidava do dinheiro”, conta.
Se mesmo assim você ainda tiver dificuldade para se autoconhecer, não se preocupe. Segundo Luciana Yeung, professora e coordenadora de graduação em Administração e Economia do Insper, é realmente difícil fazer uma reflexão interna ou pensar consigo mesmo. Então, procure ajuda de diferentes tipos de profissionais. Pode ser um professor mais próximo, orientadores de sua escola, ou até seus pais. Outra ideia é fazer testes vocacionais – embora esse método não seja tão assertivo.

Medos e conflitos
“Os testes vocacionais servem apenas para dar um direcionamento para quem está completamente perdido”, afirma Luciana. O método não é muito indicado porque abrange áreas mais genéricas e não consegue dar conta dos cursos novos que surgem todos os anos. Na prática, eles acabam nem sendo muito usados pelos vestibulandos, pois 47% deles os consideram com pouca ou nenhuma importância como norteador para sua escolha. Os dados da Etalent com apoio da Catho também apontam que 61% dos entrevistados não fizeram testes vocacionais no início da carreira.
Mesmo não sendo determinantes, os testes ajudam quem está confuso sobre que rumo seguir. Principalmente se você está entre dois ou mais cursos distintos. Aliás, essa é uma questão delicada. De acordo com Luciana, um dos maiores medos dos jovens é fazer a escolha errada, sentir que está perdendo tempo e, no futuro, acabar não trabalhando na profissão.
Outro receio é mudar de curso. “Não precisa se envergonhar. Os jovens encaram isso como um atraso. Mas ele fez um ano de curso e foi um ano de aprendizado, então não é um atraso”, comenta Gabriela. Roberto Nasser, coordenador de história, orientação profissional e vestibulares do Colégio Bandeirantes, diz que, na hora de trocar, é importante entender exatamente qual foi o erro no caminho adotado para não repeti-lo novamente.
Agora, se você está entre dois cursos que se completam, talvez seja possível optar pela dupla graduação, como fez Isabella Dib Sarkis. A estudante do Insper está no 7º semestre de Economia e 4º semestre de Administração. “Eu primeiro resolvi por Economia baseada em uma matéria optativa que fiz na escola, mas sempre tive interesse por Administração. Quando estava no 6º semestre passei na Junior Achievement, acabei indo para a área de marketing e me apaixonei. Então, decidi que queria me aprofundar nesse assunto”, conta.

Os pais de Isabella apoiaram suas decisões desde o começo. Mas o cenário nem sempre é assim. Além de serem contra a mudança de curso, têm os que insistem que o filho deve ter determinada carreira – mesmo que ela não combine com a personalidade dele. “Não é fácil para o adolescente falar que não vai seguir a profissão escolhida pelos pais. É uma tarefa difícil porque você não quer decepcioná-los”, diz Gabriela.
Nasser até já viu casos extremos em que, uma vez formado, o aluno entregou o diploma aos pais e continuou com sua vida. Porém, não é necessário chegar a esse ponto. “Os pais querem que seus filhos sejam felizes. Se eles te forçam a seguir uma carreia é porque devem achar que ela é boa”, afirma Luciana. “Mas se tiver a certeza de que não é isso que quer, você deve calmamente conversar, explicar os motivos e as razões porque isso não daria certo.” Também mostre qual profissão quer seguir e porquê. Tendo vários argumentos como base, é provável que eles se convençam de que você pode decidir por si só o que quer fazer da vida.
A escolha ideal
Após descobrir suas habilidades e escolher o curso, você deve determinar em qual instituição irá estudar. Isso porque, embora as universidades tenham uma grade curricular em comum, as formas de abordagem são diferentes.
“Você pode muito bem ir para uma faculdade porque seus pais querem e passar 4 ou 5 anos da sua vida odiando o local em que você está. Talvez até odiando o curso. Para escolher a universidade ideal, você tem que olhar em volta e falar: ‘esse é o lugar que eu quero estar’”, diz Thiago Ramalho Carletti, que está no 1º semestre de engenharia mecatrônica no Insper.

Em relação à grade curricular, a maioria das instituições disponibilizam suas matérias online. Em uma pesquisa rápida no Google é possível compará-las e ver qual possui mais a sua cara. “Claro que sempre vai ter uma ou outra disciplina que não vai agradar o jovem, mas isso faz parte de todos os cursos”, alerta Gabriela.
Para completar sua empreitada para identificar o curso ideal, colete opiniões de quem escolheu a área. Procure desde pessoas que estão cursando até quem se formou, mas não seguiu a carreira. Também acesse a sessão Converse com quem conhece (http://goo.gl/UWIIek). Lá, o jovem é colocado em contato direto com os alunos e professores do Insper e pode fazer perguntas de qualquer tipo, desde como passaram no vestibular até como é o dia a dia na universidade. “Se possível, visite a faculdade para assistir a algumas aulas, converse com quem frequenta, enfim, tente se munir com o máximo de informações”, aconselha Luciana.
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