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Com novos cursos e focando em pesquisa, Unicamp molda sua versão 2013

Coordenador-geral da universidade fala ao Virando Bixo

| ViaEPTV.com -

Na segunda-feira (20), a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) abriu as inscrições para seu vestibular anual. Isso se repete há 20 anos, quando a instituição introduziu uma significativa mudança no processo de seleção de estudantes: desvinculou-se da Fuvest, aboliu os testes de múltipla escolha e passou a valorizar as questões dissertativas. O principal argumento para a criação de um modelo próprio era que os vestibulares convencionais tendiam a discriminar as classes de menor poder aquisitivo, tornando o seu acesso ao estudo universitário mais difícil.

Em 2004, se antecipando à questão das cotas, a Unicamp instituiu o Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (PAAIS). O programa visa estimular o ingresso de estudantes da rede pública na universidade. O aspecto mais importante do PAAIS é a adição de pontos à nota final dos candidatos no vestibular. Podem participar os alunos que cursaram todo o Ensino Médio em escolas públicas. Os estudantes que atenderem ao requisito e optarem pelo PAAIS recebem 30 pontos a mais na nota final, ou seja, após a 2ª fase. Candidatos autodeclarados pretos, pardos e indígenas que tenham cursado o Ensino Médio em escolas públicas terão, além dos 30 pontos adicionais, mais 10 pontos acrescidos à nota final.

Em 2010, a Unicamp deu início a mais uma inovação, o Profis (Programa de Formação Interdisciplinar Superior), iniciativa inédita no país, que criou 120 novas vagas de graduação destinadas aos melhores alunos das 96 escolas públicas de Ensino Médio de Campinas. Os ingressantes são selecionados segundo o desempenho obtido no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), aplicado pelo Ministério da Educação. 

Neste ano, mais uma novidade. O Conselho Universitário (Consu) da Unicamp aprovou a criação de quatro novos cursos de graduação: Engenharia de Telecomunicações, Sistemas de Informação, Engenharia Ambiental e Engenharia Física. Os três primeiros serão oferecidos na Faculdade de Tecnologia (FT), em Limeira, e o outro no campus de Campinas. Em 2009, já havia sido instalado o segundo campus de Limeira (foto), onde funciona a Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), com oferta de 480 vagas por ano em oito cursos. Essa medida acresceu em 17% o número de vagas da universidade.

Além dessas mudanças para ingresso, a Unicamp vem incrementando seus investimentos em pesquisa. Sua pós-graduação é considerada a melhor do Brasil pela Capes e a instituição responde hoje por 8% da pesquisa brasileira e pela formação de 10% de todos os mestres e doutores no país. Os recursos totais destinados à pesquisa pularam de R$ 218,2 milhões, em 2005, para 350,6 milhões, em 2011. Vale ressaltar ainda que o Programa de Iniciação Científica (IC) verificou um aumento no número de trabalhos apresentados de 664 em 2001 para 1,3 mil em 2011. No mesmo período, o número de bolsas concedidas para o IC subiu de 929 para 1.410.

Iniciativas como essas têm garantido uma boa posição da Unicamp nos rankings que medem o desempenho de universidades do mundo todo, como o Higher Education e o Quacquarelli Symonds, que a classificaram a Unicamp entre as melhores, se consideradas as instituições de Ensino Superior mais jovens.

Edgar Salvadori De Decca, coordenador-geral da Unicamp (foto), deu ao Virando Bixo a entrevista a seguir, abordando vários aspectos da administração da universidade.

O que os estudantes que estão se inscrevendo no Vestibular 2013 podem esperar da Unicamp no ano que vem?
Há uma série de novidades que os candidatos encontrarão do ponto de vista da oportunidade profissional, principalmente no que diz respeito à escolha de carreiras. Foram abertos cursos novos da área de Engenharia na Faculdade de Tecnologia, em Limeira, e extintos os cursos tecnológicos superiores que existiam nesse campus. Também foi criado o curso de Engenharia Física no campus de Campinas. São novas carreiras que abrem oportunidades profissionais muito atrativas.

Faz 20 anos que a Unicamp desvinculou seu vestibular da Fuvest, com o objetivo de premiar o mérito e buscar uma maior inclusão. O senhor acredita que nestas duas décadas essa meta tem sido alcançada?
Quando criamos nosso vestibular, estávamos convencidos de que cada universidade deveria escolher sua forma de ingresso, porque o perfil pretendido por elas difere de uma para outra. Também acreditávamos que a Unicamp, pelo modelo que criaria, daria mais oportunidades para o estudante de escola pública do que o vestibular unificado dava. Isso se demonstrou verdadeiro. O modelo dissertativo de vestibular acabou valorizando, nos primeiros anos, o aluno de escola pública. Isso nos deu um perfil muito diferenciado do ingressante na nossa universidade. A partir daí, houve outras iniciativas, como Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social, estabelecido em 2003, e, há dois anos, o Profis, que são programas para melhorar a inclusão de alunos de escola pública na Unicamp.

O PAAIS e o Profis têm cumprido esse papel de levar mais estudantes de escolas públicas para a Unicamp?
Não tenha dúvida. O PAAIS tem sido avaliado historicamente e tem demonstrado que a presença de alunos de escolas públicas na Unicamp através dele está em torno de 30% do total. O Profis é uma modalidade diferente, é mais restrito, porque seleciona alunos das escolas públicas de Campinas por meio do Enem. O Profis é um curso de preparação do aluno para um curso definitivo, em que, após dois anos, ele escolhe a carreira sem precisar passar pelo vestibular.

Dar bônus nas notas a determinados grupos de vestibulandos, como a Unicamp faz, é uma alternativa melhor do que criar cotas sociais ou étnicas?
Como membro de comissões que estudaram esse problema, considero sem dúvida o regime da Unicamp melhor. Isso porque ele não desobriga o aluno de concorrer no conjunto das vagas existentes. Não há vagas reservadas. O aluno é obrigado a desempenhar e levar vantagens. Tratando-se de carreiras de grande competição, como são os casos de algumas engenharias, Arquitetura e principalmente Medicina, o acréscimo de 30 pontos à nota final tem um valor muito significativo. Acreditamos que esse é um modelo bastante representativo para o ingresso de bons estudantes da escola pública. Mas a universidade pública ainda carece da presença de alunos oriundos do 2º grau de escolas públicas. Vamos ter que, daqui para frente, trabalhar sempre visando aperfeiçoar essas metas. Acredito que esse caminho de destinar metade das vagas nas universidades federais para cotas pode trazer um prejuízo grande para essas instituições. Porém, é muito prematuro para saber se esse resultado será desastroso ou se o ensino do 2º grau na escola pública com o tempo ganhará em qualidade, e que universidade se beneficie disso. Até porque muito mais gente vai procurar a escola pública, na medida em que haverá muito mais vagas reservadas para quem sair dela. É uma questão difícil de avaliar as consequências, mas a missão da universidade pública é criar mecanismos para que estudantes de baixa renda possam disputar os exames em igualdade de condições.

A iniciação científica na Unicamp tem conseguido um crescimento bastante considerável nos últimos anos. Isso, aliado à força da pós-graduação da universidade, coloca a pesquisa num papel muito relevante. Na sua opinião, as universidades têm realmente que investir cada vez mais em pesquisa científica?
Depende da universidade. Com a estruturação do Ensino Superior no Brasil, dadas todas as mudanças que vão ocorrer, com certeza não será possível transformar todas as universidades em instituições de pesquisa. Nem haveria recursos financeiros do Estado para dar suporte a isso. É evidente que haverá universidades de ponta, de classe internacional, que serão as de pesquisa, e outras que terão a função de desenvolver pesquisas associadas às profissões, mas com metas bastante distintas. Não há possibilidade de se uniformizar um modelo de universidade como o da Unicamp, da USP ou da Unesp para o Brasil inteiro. Essa é a questão que vai se colocar com certeza nos próximos anos. O governo federal terá que enfrentar o problema de reconhecer quais serão as universidades que desenvolverão pesquisa de ponta e quais aquelas que não terão o padrão de classe internacional.

Por falar em padrão internacional, a Unicamp tem conseguido boas classificações nos rankings que reúnem as melhores universidades do mundo. Como vocês recebem essas distinções?
Recebemos com muita satisfação. É claro que, quanto melhor estivermos posicionados dentro do grupo, mais contentes ficamos. Mas é preciso ter cuidado para interpretar os resultados. São critérios que colocam universidades de características muito distintas dentro do mesmo sistema de avaliação. Os próprios rankings internacionais têm procurado definir alguns padrões comuns de determinadas universidades para compará-las entre si. Recentemente, o “The Times”, de Londres, divulgou um ranking das 50 melhores universidades com até 50 anos de vida. A Unicamp ficou na 22ª posição no mundo. É diferente se você colocar no mesmo ranking universidades mais antigas, maiores, que têm histórias muito distintas da nossa. Rankings são importantes, mas não se pode ficar fascinado pelos resultados, porque eles merecem sempre um estudo muito detalhado.


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