Para quem pretende cursar Letras, é fundamental ter curiosidade sobre o funcionamento das línguas e das culturas. Quem faz a recomendação é a doutora em Linguística Aplicada Maria de Fátima Silva Amarante, diretora da Faculdade de Letras da PUC-Campinas. São duas opções para aqueles que pensam em ingressar na carreira: Bacharelado e Licenciatura.
Para quem optar pelo Bacharelado, é importante ter interesse por leituras de gêneros e assuntos variados. Também é recomendável gostar de trabalhar individualmente e de forma mais autônoma, além de ter espírito empreendedor.
Já o aluno que vai cursar a Licenciatura deve se interessar por ensino de línguas e ter facilidade para interagir com os outros, gostar de trabalhar com pessoas e ser dinâmico.
O Bacharelado pode ser concluído em três anos e meio e a Licenciatura, em quatro anos. “Depois da conclusão do curso, o aluno estará apto para atuar no mercado de trabalho em ambos os casos, mas, certamente, a pós-graduação lato sensu ou stricto sensu acrescentaria muito na construção de sua carreira”, afirma Maria de Fátima.
O concurso será necessário para o tradutor juramentado ou professor de escola pública de ensinos fundamental 2, médio e técnico.
Segundo a diretora da PUC-Campinas, o mercado de trabalho oferece boas possibilidades. “Dificilmente, os formados em Letras ficam sem trabalho, há uma gama bem variada de possibilidades”, argumenta.
Ao fazer licenciatura, ele poderá atuar como professor na escola regular, incluindo o ensino técnico, e em institutos de idiomas. “É interessante ressaltar que as oportunidades são muitas na licenciatura, porque há falta de professores, especialmente de português, nas escolas”.
Para os professores de outras línguas, há oportunidades em institutos de idiomas. “E é crescente a transformação das escolas regulares em escolas bilíngues”, diz. “Cresce também o número de escolas que estão implementando o ensino de língua inglesa desde o ensino infantil ou fundamental 1, inclusive escolas públicas”.
Outra área em que a atuação do professor tem crescido é o design instrucional de cursos ou materiais didáticos, especialmente para uso em ensino à distância.
Com relação à tradução e revisão, segundo Maria de Fátima, há muitas oportunidades em agências ou trabalhos autônomos. “A demanda nessa área é grande e atraente”, avisa.
A atuação em avaliação é outro campo para o licenciado em Letras, que pode corrigir redações e provas em exames vestibulares de variadas instituições e nos exames avaliativos governamentais. Há ainda a possibilidade de se trabalhar com assessoria linguística em língua materna ou estrangeira para escolas e empresas. Nesse caso, o profissional monta seu próprio negócio.
Tanto o professor quanto o tradutor e revisor de textos podem se tornar empresários, em bureaux de serviços linguísticos ou abrindo suas próprias escolas ou institutos de idiomas.
No caso da Licenciatura, o salário inicial fica entre R$ 1.500 e R$ 3.000, dependendo da escola onde vai atuar e do número de aulas por semana. Ao avançar na carreira, os valores são bem mais altos, especialmente na área acadêmica ou na escola pública, com bonificações por mestrado e doutorado.
No caso de revisão e tradução, existe uma tabela que regula o valor do trabalho por palavra revisada (aproximadamente R$ 5 por lauda de 1,4 mil caracteres com espaços) ou traduzida (aproximadamente R$ 0,30 por palavra: um texto de 25 páginas teria custo de tradução de R$ 2.000 ou mais). A remuneração depende, neste caso, do volume de trabalho.
“A revisão e a tradução vêm sendo bastante valorizadas pelas necessidades de internacionalização de serviços e conhecimentos”, acrescenta Maria de Fátima.
