No dia 31 de agosto é comemorado o Dia do Nutricionista. A professora do curso de Nutrição do Centro Universitário de Araraquara (Uniara) Rita de Cássia Garcia Pereira fala sobre a profissão, o mercado de trabalho e a diferença para a carreira de gastronomia, entre outros pontos.
A docente acredita que os maiores desafios para o profissional estão relacionados à prevenção e à promoção da saúde, “pois as doenças crônicas são grande causa de morte ainda no Brasil, sendo que, em sua maioria, há a alimentação inadequada como ponto de partida”. “Além disso, a grande maioria da população quer um corpo saudável e belo já na primeira consulta, o que é impossível, pois trabalhamos com educação e modificação de comportamento, algo que leva tempo para se ajustar à rotina diária”, observa.
Outro ponto destacado por ela é a indústria alimentícia que, de acordo com Rita, “persiste em formular alimentos engordativos e nutricionalmente insignificantes, porém, de alto consumo, principalmente para as crianças”. “Ainda somos um país de desigualdades sociais, e essas desigualdades refletem na alimentação, seja em excesso ou em privações, gerando problemas de saúde em função da alimentação e de hábitos inadequados”, comenta.
Em relação à profissão, a docente acredita que deveria ser mais valorizada. “Comer é algo que fazemos de quatro a cinco vezes ao dia, por toda a vida, e ainda fazemos errado. Penso que o nutricionista é um profissional que cabe em qualquer situação na saúde das pessoas, tanto para a manipulação do alimento quanto para a orientação alimentar e, por esse fator, deveria se encaixar com mais afinco na vida das pessoas”, reflete.
Mas, segundo Rita, o mercado de trabalho tem demonstrando crescimento gradativo. “Esse fato nos leva a crer que a profissão tem sido importante na vida das pessoas, principalmente nos últimos anos”. Diz. “(É uma carreira) relativamente nova, surgiu há mais ou menos 60 anos e nem todos estão acostumados a cuidar da alimentação tendo o profissional como mediador. Por outro lado, a grande expansão dos cursos de nutrição demonstra um mercado de trabalho bastante promissor e ampliado”, diz.
Para ela, isso demonstra que a sociedade em geral está mais preocupada com o culto ao corpo e com a saúde em geral, “não podendo dissociar a alimentação desta última”. “Sendo assim, o profissional nutricionista é aquele que vai elucidar e auxiliar, orientar e traduzir a ciência da nutrição para o uso diário dos alimentos no prato das pessoas. O número de consultórios tem crescido grandemente. Ainda em expansão, o mercado relacionado à indústria de alimentos também tem absorvido o campo da nutrição, assim como os spas, as casas geriátricas, o mercado hoteleiro, o home care, o personal diet e a área de esportes”, salienta Rita.
A carreira é constantemente confundida com a de gastronomia. A professora esclarece que o nutricionista é também um gastrônomo, pois tem disciplinas afins com a área. “O nutricionista, além de aprender a técnica dietética relacionada às transformações do alimento, à sua composição e tecnologia, aprende a cozinhar, pois seu objeto de trabalho é o alimento em sua totalidade. A diferença é que o nutricionista é um profissional mais completo, pois o campo da nutrição compreende o alimento desde sua produção até o consumo pela população”, explica.