Depois de um período em Portugal, a cantora Erika Machado volta ao mercado brasileiro com o CD “Superultramegafluuu”, que tem as crianças principalmente, mas não exclusivamente, como público-alvo. Patrocinado pelo programa Natura Musical, o disco – terceiro da carreira de Erika e com 12 faixas autorais – foi produzido por João Ulhoa, do Pato Fu, e conta com a participação do guitarrista Daniel Saavedra.
A sonoridade do álbum é calcada em timbres sintéticos e baterias programadas, com recheio de baixos eletrônicos e vozes de robô salpicadas por toda parte. O destaque fica por conta da música “Por quê”, em que timbres de videogame aparecem para animar a insistente pergunta, e para a faixa-título “Superultramegafluuu”.
A música de Erika já fez parte das trilhas da novela adolescente “Malhação”, do filme “Desenrola” e da série “Tudo que É Sólido Pode Derreter”. Em 2006, seu primeiro disco, “No Cimento”, rendeu-lhe o prêmio de Artista Revelação pela Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA). O segundo álbum foi “Bem Me Quer Mal Me Quer”, de 2009. Sobre o novo trabalho, Erika deu a entrevista a seguir.
Você ficou mais de cinco anos sem lançar um disco novo. Por que tanto tempo? O que você andou fazendo?
[Risos] No meio de 2010, fui pra Portugal fazer um mestrado em crítica de arte e arquitetura. Fiquei lá dois anos estudando e mais um viajando. Acabei fazendo muitos shows por lá também, sempre voz e violão, uma experiência bem bacana. Em novembro de 2013, voltei pro Brasil e comecei a produzir o disco novo.
Por que você resolveu voltar com um disco voltado pro público infantil?
Era uma ideia bem antiga, por vários motivos. Um deles era a liberdade que teria pra brincar bem mais com as palavras e as imagens, encher tudo de cor e de bonecos, coisas que adoro. Outra coisa é que, quando havia crianças nos shows, eu notava que elas gostavam das músicas mais agitadas, mais mexidas. E eu queria fazer um disco mais mexido que os anteriores.
Você teve músicas em trilhas de filmes e na “Malhação”. Como você via o perfil do seu público até o lançamento do novo disco?
É engraçado, porque várias pessoas vinham me dizer que as crianças gostavam dos meus discos. Só de olhar a arte dos outros discos, já me perguntavam se eram infantis. Eu respondia que não havia nada neles que excluísse as crianças. E este novo há gente que diz que não é tão infantil. Acho legal essa contradição. Até porque parto do princípio de que a criança é um ser bastante inteligente, mas ela não compra ingresso pro show ou coloca o CD no carro sozinha. Lembrei que ela tem uma companhia e queria que essa companhia também curtisse as músicas.
Você está planejando algum novo trabalho voltado pro público adulto?
Como estou cuidando também da parte visual do “Superultramegafluuu”, ajudando nos clipes e no site, neste momento só consigo pensar neste trabalho. Mas tenho coisas recentes que não entraram no disco porque achei que não cabiam, e vou continuar produzindo.