O percentual de estudantes de escolas públicas que ingressaram na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) em 2025 foi o segundo menor dos últimos dez anos, segundo dados do Anuário Estatístico 2025, divulgado pela universidade. De acordo com o levantamento, 44% dos ingressantes em 2025 vieram de escolas públicas, ficando atrás apenas de 2022, quando esse índice foi de 43,7%.
Ao longo da última década, o percentual de acesso de estudantes da rede pública oscilou, atingindo seu auge em 2017, com 50,2%. Naquele ano, 1.629 das 3.248 vagas foram preenchidas com alunos que estudavam em escolas públicas. No ano seguinte, 2018 - o último em que a forma de ingresso foi exclusivamente por meio do vestibular, o índice atingiu 49,2%. Embora o número absoluto de alunos de escolas públicas tenha sido um pouco superior (1.638), a proporção foi menor porque a universidade ofereceu mais vagas: 3.327 vagas.
Desde 2019, quando foram implantadas outras formas de ingresso por meio das notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), vagas indígenas e vagas olímpicas a entrada de estudantes de escolas públicas variou da seguinte forma: 2019 47,9%, 2020 45,4%, 2021 - 45,7%, 2022 43,7%, 2023 46,9%, 2024 48% e 2025 44%. Em 2024 e 2025, foi implantada mais uma forma de ingresso, por meio do Provão Paulista. O levantamento do anuário não considera das 120 vagas do ProFIS (Programa De Formação Interdisciplinar Superior) destinadas exclusivamente a estudantes do ensino médio público de Campinas.
"A oscilação que tivermos no último vestibular não chega a ser um dado alarmante porque, afinal de contas, está dentro de uma oscilação estatística", avalia o coordenador da Comvest (Comissão Permanente para os Vestibulares), prof. Dr. José Alves de Freitas Neto. Ele ressalta que o número de aprovados em 2025 deve ser visto com parcimônia porque, em outros anos, a universidade chegou aos 50% de ingressantes de escolas públicas, que é o desejado pela Unicamp.
Como os alunos de escola pública entram na Unicamp?
Historicamente, a principal porta de entrada dos alunos de escola pública na Unicamp é o vestibular tradicional, embora a universidade tenha implantado outras formas de ingresso para democratizar o acesso desses estudantes. Por exemplo, em 2025, dos 1.474 ingressantes de escola pública, 808 entraram pelo Vestibular, 393 pelo Enem, 193 pelo Provão Paulista, 72 pelo Vestibular Indígena e 8 por Vagas Olímpicas. Mesmo sendo a modalidade mais nova, o Provão Paulista já representa uma parcela significativa desses estudantes.
De acordo com José Alves, a Unicamp tem feito todos os esforços para aumentar o ingresso de estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas, criando, como já mencionado, outras modalidades de acesso. "Mas quando olhamos o vestibular, ao longo de toda a sua série, desde 1987, nós temos tido o seguinte dado: um terço dos inscritos é de escola pública e dois terços vêm de escolas particulares. Então isso dá uma dimensão de que, provavelmente, teremos mais aprovados de escolas particulares por conta de que, no vestibular, não existem cotas, mas existe política de bonificação pelo PAAIS (Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social), desde 2003. Nesse contexto, o que nós podemos observar é que quando há uma oscilação, seja por reforma curricular, seja por uma questão como a própria pandemia, isso tende a impactar os dados de aprovação pelo vestibular, que corresponde a mais de 70% das vagas ofertadas pela Unicamp", pondera. O vestibular para 2025 foi o primeiro com alunos que cursaram o ciclo completo do novo ensino médio.
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