Você sabia que a cada 40 segundos uma pessoa tira a própria vida, no mundo? E que o suicídio é a segunda causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos, atrás apenas dos acidentes de trânsito? E que entre meninas de 15 a 19 anos, o suicídio é a segunda causa de morte, atrás apenas de complicações na gravidez?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo, 800 mil pessoas tiram a própria ida por ano. No Brasil, um estudo realizado em 2016 mostra que foram registrados 13.467 casos, a maioria entre homens (10.203).
Esses dados da Organização das Nações Unidas (ONU) revelam um cenário que merece muita atenção! E é por isso que em 10 de setembro é celebrado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio e que este mês ficou conhecido como Setembro Amarelo.
Os motivos que levam uma pessoa a tirar a própria vida são complexos e a saída, apontam os especialistas, é a prevenção. Segundo o psiquiatra da Faculdade São Leopoldo Mandic, Celso Garcia Junior, o suicídio está relacionado com doenças como depressão e transtornos de uso do álcool. Além disso, pode afetar pessoas de diferentes classes sociais, gênero e orientação sexual. "Não se sabe quais as explicações para isso, mas certamente é uma interação entre fatores genéticos e ambientais, que incluem aspectos psicológicos e socioculturais", analisa o médico.
Muitas vezes, as pessoas buscam uma explicação simplificada e pragmática para explicar o suicídio, mas isso nunca ocorre por um único motivo. "Do ponto de vista psicológico, a pessoa que tenta tirar a própria vida o faz quando, em determinada circunstância, os sentimentos de desesperança e desespero prevalecem diante de uma angústia ou dor psíquica insuportáveis", afirma Garcia Junior.
No caso dos jovens, uma explicação possível, é a relação impulsividade/agressividade. "Sabe-se que indivíduos impulsivos, agressivos e deprimidos têm maior risco de suicídio. Nos jovens, essas características estão ainda mais presentes", ressalta o psiquiatra.
Entre os diversos fatores de risco e antecedentes relevantes para o comportamento suicida é possível destacar:
Sexo masculino
Adultos jovens (19 a 49 anos) e idosos
Estados civis viúvo, divorciado e solteiro
Desesperança, desamparo, impulsividade e agressividade
Antecedente pessoal de tentativa de suicídio ou familiar de suicídio
Falta de adesão ao tratamento das doenças psiquiátricas
Ideação ou planejamento suicida
Baixa tolerância a frustrações e adversidades
História de abuso físico ou sexual
Perdas ou separações dos pais na infância
Rede familiar e de apoio social instáveis
Eventos traumáticos recentes, como perdas afetivas
Acesso a métodos letais, como arma de fogo e substâncias venenosas
No caso dos jovens, alguns sinais merecem atenção dos pais e educadores próximos:
Irritabilidade, frustração e raiva desproporcionais aos eventos desencadeantes
Queda do desempenho escolar, negligência com relação aos compromissos acadêmicos
Abuso de álcool ou drogas
Distanciamento dos amigos
Tristeza, mesmo sem choro
Baixa autoestima e sentimento de vazio
Inapetência, diminuição ou aumento do peso
Alterações do sono, ficar acordado à noite e dormir durante o dia
Frases do tipo: "eu sou um peso para todos", "Eu não aguento mais", "ninguém pode me ajudar", "eu preferia estar morto".
Diante desinais de alerta, a professora Leidiany Cristina da Silva, do curso de Psicologia do UniMetrocamp, dá dicas de como lidar com a situação.
Quebre tabus
Internalizar o discurso de que "quem quer se matar não fala, faz" é um erro comum que deve ser corrigido em tempos de números crescentes de suicídio que estamos vivendo. O comportamento de uma pessoa em vulnerabilidade psicológica tem múltiplas determinações e acaba sendo diferente em cada caso. Segundo a professora, o primeiro passo para ajudar quem necessita é ter a mente aberta e quebrar tabus para o assunto.
Fique atento aos fatores de risco
A psicóloga afirma que estar atento a alguns fatores como aparecimento ou agravamento de conduta, verbalizações, ideações suicidas, isolamento, é fundamental para encontrar a melhor forma de ajuda.
Ofereça apoio
Demonstrar apoio e promover contextos para falar sobre o assunto é tão importante quanto a ajuda profissional. Para a professora, é preciso oferecer suporte afetivo e emocional, além de compreender e enxergar que a pessoa com sinais de alerta é um ser singular e pode apresentar inúmeras motivações para tal comportamento.
Como reitera do psiquiatra Celso Garcia Junior, da Mandic, é preciso ajudar o jovem a jovem deve falar sobre o que está sentindo, sobre suas dificuldades. "Este é o primeiro grande passo para encontrar alívio e soluções".
E existem algumas opções, segundo ele. "Cada vez mais, as unidades básicas de saúde e os centros de atenção psicossociais estão preparadas para acolher esse tipo de situação. Além disso, temos o Centro de Valorização da Vida (CVV)".
O CVV atende 24 horas por dia pelo telefone 188. A ligação é gratuita e as conversas são sigilosas. Mais informações podem ser obtidas no site cvv.org.br.