A quarentena coloca uma pressão a mais sobre os estudantes que estão se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As famílias estão em casa, o cotidiano pode ficar mais tumultuado, além de todas as dúvidas e preocupações com a saúde, o emprego, a renda e a ansiedade pelo retorno à "vida normal".
Além disso, o Ministério da Educação (MEC) manteve o calendário do Enem presencial, apesar da quarentena e da liminar que determina a adequação do calendário suspensão das aulas por causa da quarentena, o que pode deixar os estudantes de escolas públicas em desvantagem por causa da dificuldade de manter os estudos em dia.
Para o diretor do Cursinho da Poli, Gilberto Alvarez, a decisão do MEC pode, de fato, prejudicar esses estudantes.
"Na situação em que vivemos, em razão da quarenta, os estudantes terão muitas dificuldades, principalmente aqueles alunos que possuem menos recursos", analisa Alvarez. "Os estudantes de escola pública, no geral, não possuem recursos tecnológicos que permitam a eles estudar no seu ambiente domiciliar. Mas é importante não considerar apenas isso. Essa faixa de classe social que compõe os alunos de escola pública, na sua grande maioria, são famílias muito afetadas com a crise econômica", complementa.
Para ele, no atual contexto, os recursos digitais se tornaram um novo mecanismo de exclusão. Basta lembrar que, as pesquisas apontam que 40% dos lares brasileiros não têm computador, ferramenta que se tornou quase que imprescindível para o ensino remoto. Também faltam computadores, bibliotecas e laboratórios nas escolas.
"É muito romântico acreditar que o estudante está em casa e que tem tempo disponível para estudar, que ele tem os recursos para estudar em casa, que tem livros, materiais didáticos e recursos da internet à vontade. É romantizar também acreditar que as famílias possuem tempo ocioso para acompanhar o estudo dos seus filhos e que a ansiedade e o medo com o futuro não comprometem as rotinas familiares e, por consequência, o tempo de dedicação e concentração para o estudo", aprofunda o diretor do Cursinho da Poli.
Por isso, quem quer manter os estudos, apesar desse cenário, deve ser organizado e manter uma rotina de estudos.
Alvarez recomenda que o estudante divida a sua rotina em três: momento com a família, estudo e lazer.
Rotinas de estudo:
É recomendado que as rotinas de estudo sejam feitas em um calendário e que ocupem o tempo desde segunda até sexta-feira. Para sábado e domingo, a sugestão é de que sejam dias exclusivos para a família e para o lazer.
Para os dias de estudo, é recomendado reservar de 4 a 6 horas, que devem ser divididas entre as disciplinas que são obrigatórias no Enem. O professor sugere que cada disciplina tenha 1 hora de estudo e 10 minutos de intervalo, sem esquecer os horários de almoço, lanche e jantar. "Durante essa uma hora de estudo é importante se concentrar e só se levantar da cadeira na hora dos intervalos", sugere Alvarez.
Rotina de lazer e com a família:
Alvarez sugere que essa rotina seja programada para conviver com a família. "Conversar, almoçar, jantar. Ter momentos de conversa é muito importante, porque ajudam a diminuir o estresse e as ansiedades", diz.
"Compartilhamos com a família os medos, os dilemas e os conflitos. Nesses momentos de troca é onde o estudante ouve a família e a família ouve o estudante."
Para a rotina de lazer, Alvarez recomenda que os estudantes vejam um filme, tenham um momento no celular não precisa ser o tempo passado necessariamente com a família. As atividades devem ajudar a diminuir a ansiedade.