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Democratização do acesso ao cinema é tema da redação do Enem

Anúncio foi feito pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, via Twitter durante visita a colégio em Palmas (TO)

| Da Redação -

"Democratização do acesso ao cinema no Brasil". Este é o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019, anunciado pelo ministro Abraham Weintraub, em sua conta no Twitter. O vídeo foi gravado em frente ao Colégio da Polícia Militar II, em Palmas (TO), durante visita do ministro para verificar a aplicação do Enem.  

 

O ministro Weintraub anunciou o tema da redação do Enem 2019 via Twitter (Foto: Twitter/Reprodução)


Na avaliação do professor Marcelo Pavani, diretor do curso pré-vestibular da Oficina do Estudante, o tema não deve trazer dificuldades para os estudantes. "Independentemente da classe social, hoje em dia os jovens têm acesso à produção cinematográfica, seja indo às salas de cinema, seja via Netflx e YouTube", diz ele.  


Para Antunes Rafael dos Santos, diretor do colégio Oficina do Estudante, o tema abre espaço para uma discussão sobre o acesso à cultura de maneira geral". Segundo ele, mais uma vez,a proposta de redação do Enem tem uma interface com questões sociais no caso o acesso da população aos meios de cultura, mas especificamente, o acesso ao cinema.  


Segundo o diretor, o tema sugere que o aluno argumente a favor do amplo acesso à cultura, o que é um direito de todos. "Para que isso aconteça, é preciso que todos tenham acesso a esse meio".  Na opinião do professor, o tema também abre espaço para uma discussão sobre a Lei Rouanet, que foi objeto de polêmica por conta da mudanças e da redução do volume de recursos destinados à produção cultural no país, na gestão Bolsonaro.  

 

Por isso, o tema chega a surpreender, pois a proposta de redação abre uma brecha para os candidatos argumentarem favoravelmente à continuidade da lei nos moldes antigos.  

 

Confira a análise do professor Marcelo Maluf, que dá aula de redação na Oficina do Estudante:  

 

"A proposta de redação do Enem 2019 teve como tema a "Democratização do acesso ao cinema no Brasil". Em um aspecto mais amplo, a proposta tematizou a falta de acesso - "democratização" - à Cultura no Brasil e propôs, como foco, o cinema. Considerando a amplitude do tema, diversas abordagens e problematizações são possíveis nesta proposta. 


O Texto 1 da coletânea, do teórico de cinema Jean-Claude Bernardet, apresenta uma abordagem histórica e rem onta às origens do cinema no final do século XIX. O texto expõe como os inventores do cinema - Lumière e Mélies - não tinham ideia de que o instrumento do "Cinematógrapho" transformaria a História do século XX ao inventar uma nova forma de contar histórias para grandes massas.
 

O candidato poderia utilizar o texto de Bernardet como forma de contextualização histórica tendo em vista os avanços tecnológicos do final do século XIX e início do século XX. Além disso, poderia utilizá-lo como base para uma discussão sobre a influência e importância do cinema nos diversos acontecimentos do século XX - da diversidade cultural que o cinema oferece às propagandas que a indústria cinematográfica criou para Hitler e Stalin, por exemplo.
 

O Texto 2 da coletânea, da socióloga Cristiane Freitas Gutfreind, baseia-se na definição de cinema do filósofo francês Edgar Morin. Para Morin, o cinema funciona como forma de registro e ressignificação da experiência, de modo que o espectador se identifica e se transforma a partir do que vê na tela de cinema.
 

O candidato poderia utilizar a ideia de Morin para desenvolver a importância e a relevância do cinema para a construção do conhecimento, para o autoconhecimento, para enxergar a subjetividade do outro. Neste caso, exemplos de filmes, se problematizados e articulados ao argumento de Morin, seriam bem-vindos.
 

O Texto 3 da coletânea, do site meioemensagem, apresenta dados sobre o hábito do brasileiro em relação ao consumo de filmes no cinema e na televisão. Os dados apontam que 88% dos telespectadores brasileiros assistem a filmes regularmente na TV; em contrapartida, apenas 19% dos telespectadores de filmes na TV vão ao cinema. Além disso, revelam que somente 17% da população brasileira frequenta o cinema; e desses 17%, 95% assistem filmes na TV. Desta forma, os dados revelam como o hábito de ir ao cinema é muito menor do que o de assistir a filmes na TV, o que indica que assistir a filmes é algo importante para o brasileiro, mas a forma de essa experiência ocorrer não é na sala de cinema. Alguns motivos que explicam a baixa frequência do brasileiro em cinemas foram expostos no texto 4 da coletânea.
 

O Texto 4, retirado do site da Agência Nacional do Cinema (Ancine), apresenta dados sobre a quantidade de salas de cinema no Brasil em três momentos históricos diferentes: 1975, 1997 e atualmente. Em 1975, havia 3.300 salas de cinema no Brasil, 80% delas no interior do país. Em 1997, o Brasil tinha apenas 1.000 salas. A explicação oferecida pelo texto é a de que a rápida urbanização, a falta de investimento em infraestrutura, a baixa capitalização de empresas exibidoras e as mudanças tecnológicas afetaram o funcionamento e a existência das salas de cinema no país. A partir dos anos 2000, o texto aponta que a expansão dos shopping centers fez com que as salas aumentassem atualmente, há em torno de 2.200 salas de cinema no Brasil. Porém, o texto aponta que este aumento se deu principalmente nas áreas de renda mais alta das grandes cidades, de modo que houve uma concentração - e não uma "democratização" - de salas exibindo filmes. Assim, o texto aponta que a maior parte da população brasileira foi excluída do acesso ao cinema: estados do Norte e Nordeste, periferias urbanas, cidades médias e pequenas do interior.
 

Tendo em vista que a redação Enem cobra propostas de intervenção para o problema, o candidato teria, no texto 4, algumas informações que poderiam ser utilizadas como "causa" da falta de "democratização do acesso ao cinema no Brasil" e, portanto, das propostas possíveis. Neste sentido, poderia mobilizar os três setores - instâncias governamentais, instâncias privadas e instâncias civis e sociais - e propor mudanças em relação à falta de investimento na infraestrutura do setor, à baixa capitalização de empresas exibidoras, à descentralização das salas de cinema, aos custos de ir ao cinema e ao local onde se encontram as salas, por exemplo".

   

 Zero na redação

 

Os candidatos tiveram que escrever um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema. Textos menores do que 7 linhas ou que com trechos integrais dos textos motivadores ou de questões da prova receberão nota zero. Outros critérios que zeram a redação são:  


 Não atender à proposta solicitada ou textos com outra estrutura textual que não seja a estrutura dissertativo-argumentativa, o que configura "Fuga ao tema/não atendimento à estrutura dissertativo-argumentativa". 


Não apresentar texto escrito na Folha de Redação, que é considerado "Em Branco".
 


Apresentar impropérios, desenhos e outras formas propositais de anulação, o que configura "Anulada".
 


Apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto, o que configura "Anulada".
 


Apresentar nome, assinatura, rubrica ou qualquer outra forma de identificação no espaço destinado exclusivamente ao texto da redação, o que configura "Anulada".
 


Escrever predominante ou integralmente em língua estrangeira.
 


Apresentar letra ilegível, que impossibilite sua leitura por dois avaliadores independentes, o que configurará "Anulada".

 

Além da redação, os candidatos responderam a 90 questões de linguagens e ciências humanas. No dia 10, próximo domingo, será a vez das provas de matemática e ciências da natureza. 




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