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Leandro Lehart, ex-Art Popular, combina samba e eletrônico em seu novo disco

Como novidade, "Sambadelik ao vivo" traz também algumas letras em inglês

| ViaEPTV -

Nos anos 90, o pagode viveu um boom. Grupos como Katinguelê, Exaltasamba, Karametade e Molejo experimentaram seu auge, tocaram sem parar nas rádios e venderam milhões de discos. Um dos expoentes dessa época foi o Art Popular, que alçou voo a bordo de sucessos como “Agamamou”, “Fricote” e “Pimpolho”. A cabeça pensante da banda era Leandro Lehart, que, além de multi-instrumentista, mostrou-se um compositor que não tem medo de experimentar.

Essa característica ele levou para sua carreira solo, iniciada em 2001, que nunca alcançou a exposição do período do Art Popular. Mas teve um lampejo desse período neste ano, quando “Vem dançar o mestiço” foi coreografado em vídeo da Carreta Furacão, grupo de animadores de rua de Ribeirão Preto. A produção amadora bombou no YouTube em boa hora, pouco antes do lançamento de “Sambadelik ao vivo”, CD e DVD em que Leandro dá sua nova cartada, agora fazendo uma mistura de samba com outros ritmos e batidas eletrônicas, além de trazer algumas letras em inglês. Saiba mais sobre esse trabalho na entrevista a seguir.

Você está lançando o “Sambadelik ao vivo” agora, mas vem trabalhando nele já há alguns anos. Como foi esse processo?
Demorei cinco anos pra terminar esse disco. Ele vai ser um divisor de águas na minha carreira e também pro movimento do samba. Não quero ter essa pretensão toda, mas ele tem uma sonoridade muito diferente, que agrega novas possibilidades ao jeito brasileiro de tocar. Em 2014, gravei o DVD e agora estou lançando depois de seis anos de maturação. Nesse período, fui gravando, colocando músicas, tirando outras, até sentir que o resultado me agradava.

Qual foi sua ideia ao resolver fazer um caldeirão de misturas, algumas inusitadas, com samba, rhythm’n blues, funk, soul, eletrônico e outros ritmos?
Desde os anos 90, do Art Popular, gosto de trazer coisas novas pros elementos do samba mais tradicional, que aprendi a amar. Principalmente agora, em carreira solo, quando não tenho mais a responsabilidade de estar à frente de um grupo, achei que poderia brincar principalmente com música eletrônica, que sempre esteve próxima da gente. O Pagode 90, que é o segmento do qual faço parte, sempre foi próximo do hip hop, do sampler, da black music. Achei que agora poderia trazer esses elementos que fizeram parte da minha trajetória, mas com o jeito brasileiro de fazer. O “Sambadelik” é resultado desse desejo antigo de trazer a música eletrônica pra dentro do samba.

Inusitado também que o projeto traga algumas letras em inglês. Por que essa decisão?
A gente não precisa ser americano nem britânico pra cantar em inglês. É uma língua que te dá a oportunidade de se comunicar com outras culturas. Na minha casa, recebo vários músicos de fora do Brasil, como a banda do Pharrell Williams quando eles vieram fazer o Lollapalooza em São Paulo, a banda do Eminem. Produtores da Rihanna, Lady Gaga, caras que, se conseguem entender tanto a sonoridade quanto a letra, fica mais fácil de se comunicar com eles. Mas o português, pra mim, é a língua mais bonita do mundo pra compor. Usar o inglês é só uma questão de abrir novos caminhos, novas sonoridades.

Com o Art Popular, você conheceu um sucesso enorme. Mas recentemente se recusou a participar de uma turnê com o pessoal do Pagode 90. Hoje, a sua carreira solo, apesar de ter uma exposição muito menor que da época da banda, é suficiente pra te satisfazer?
Ainda hoje, tenho o maior orgulho de fazer parte daquele movimento, 90% do meu público me conhece da época do Art Popular. Só acho que um artista com 40 anos de idade tem possibilidade de fazer coisas novas, tão legais quanto as dos anos 90. Acho que eles têm direito de fazer turnês cantando as músicas antigas, o Belo, o Alexandre (Pires), o Luiz Carlos, mas também têm obrigação de fazer coisas novas, porque é isso que o público espera deles. É só pensar na Clementina de Jesus, que ficou famosa com 65 anos, pra ver que temos muita coisa pra fazer. Estamos na melhor fase de criação pra trazer aos sambas novas possibilidades. Mas tenho vontade de, um dia, fazer uma turnê com o Art, temos falado sobre isso.

Mais recentemente, você experimentou outra onda de popularidade grande, meio por acaso, por causa do “Vem dançar o mestiço”, coreografia da Carreta Furacão que fez sucesso na internet. Como você recebeu isso?
“Vem dançar o mestiço” foi um disco que gravei em 2007. O mestiço é um ritmo que criei dentro de um estúdio, uma mistura de jongo, maracatu, samba de roda e partido alto. Algum dos meninos da Carreta pegou o disco e gravou o vídeo com várias outras músicas. Mas o povo elegeu “Mestiço” como a que mais combinou com a onda deles. A música explodiu 10 anos depois que gravei de uma maneira absurda, fiquei muito feliz de vê-la atingindo tantas pessoas. Hoje temos uma crise rítmica da música brasileira, o sertanejo ocupa 80% do mercado. E ver essa música tipicamente brasileira no meio disso é uma vitória.

Você dizia que a internet era uma desconhecida pra você em termos de divulgação. A partir desse vídeo, você começou a vê-la de outro modo?
Deixo as coisas acontecerem. A internet é um meio de divulgação e também de você estar perto dos fãs. Como vim de uma época pré-internet, ainda estou me adaptando. Uso as mídias sociais pra me relacionar como todo mundo. Mas depois do sucesso do “Mestiço”, que trouxe pessoas que só me conheciam do Art Popular, e também fez com que os fãs cobrassem mais shows, estou tentando me adaptar a essa realidade.

Segundo um levantamento do ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), durante 10 anos você foi o compositor mais executado no país. Você continua compondo bastante pros outros também ou está mais voltado aos seus próprios projetos?
Continuo compondo pra todo mundo, principalmente pros artistas que me pedem músicas e que têm uma particularidade com meu trabalho. Tenho uma relação muito boa com vários artistas. Dos anos 90 pra cá, sou o compositor mais regravado ainda, contando desde as músicas daquela época quanto as inéditas. Isso é um caminho sem volta, a composição pra mim é estar perto das pessoas. É sempre uma sensação de liberdade compor. Ouvir uma música minha no rádio ou no disco de algum artista é muito bom.

Que público você imagina alcançar com o novo disco?
Tanto o público novo, que gosta de coisas mais modernas, quanto o público tradicional do samba. Já fiz shows do disco em lugares super tradicionais e as pessoas gostaram muito. 


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