Gabi Luthai é cria da internet. Foi por esse nome artístico que Gabriella Maria Mota e Silva, mineira de Araxá, passou a ser conhecida quando, há seis anos, passou a postar no YouTube vídeos em que aparece cantando acompanhada de seu violão. Suas apresentações caíram no gosto do público. De verdade. Seus vídeos somam uma média de 4 milhões de visualizações por mês e suas contas no YouTube, no Facebook e no Instagram atraem uma multidão de fãs. Em 2014, ela passou da internet ao CD, quando lançou, pela Sony, um disco com seu nome, mesclando músicas inéditas e releituras de sucessos. Agora, de forma independente, recorreu a um financiamento coletivo para produzir seu segundo álbum, “Eu gosto assim”, este só de inéditas. Sobre seu trabalho, Gabi, de 23 anos, deu a entrevista a seguir.
Em que momento você descobriu que passaria de Gabriella Maria Mota e Silva para Gabi Luthai?
Comecei a cantar com 13 anos, meio por acaso, na escola. Mas só aos 17 resolvi postar o primeiro vídeo no YouTube e comecei a perceber que queria seguir a carreira de cantora. Quando postei esse vídeo, é que resolvi usar Gabi Luthai, que é o nome de um personagem que eu tinha num jogo. Tinha os amigos virtuais, mas eles nunca tinham visto meu rosto. Quando postei o vídeo, resolvi juntar as duas pessoas, a Luthai que ninguém conhecia e a Gabi da escola.
Como foi a transição do YouTube para outras plataformas, até chegar ao CD?
Não foi tão simples. Na verdade, os primeiros vídeos não foram um sucesso. Pra mim era demais, tive 800 acessos no primeiro dia e fiquei muito feliz com isso. [Risos] Achei que todo mundo da escola tinha assistido. Foi no final de 2012, comecinho de 2013, que comecei a ter muitos acessos, por conta de uma rede social que eu tinha e foi trazendo muita gente. Fiquei popular nessa rede e as pessoas começaram a me assistir no YouTube. Além disso, comecei a postar vídeos diferentes, de diversos estilos, e com mais frequência. O segredo de fazer alguma coisa de sucesso no YouTube é ter uma frequência. Caso contrário, você não cria um público fiel, porque as pessoas entram no seu canal e não tem nada novo.
Quando você decidiu que estava na hora de passar da internet pra um disco físico?
O disco foi uma realização muito grande, mas a maior transição pra mim foi começar a fazer show. O disco ainda era uma situação de gravar, de estar distante do público, de não estar ao vivo com as pessoas. Fazer shows foi uma experiência muito legal, porque eu sempre quis estar num palco. Fiquei muito mais feliz que nervosa.
Por que você optou pelo financiamento coletivo pra lançar o segundo CD?
Minha ideia de fazer o crowdfunding não foi tanto pelo financeiro. Foi também pra que as pessoas pudessem participar, fossem mais engajadas. Senti falta disso no meu primeiro trabalho, que a gente só divulgou quando estava pronto. Então os fãs não participaram do processo criativo. Neste segundo, senti muita necessidade disso. Como youtuber, estou sempre pedindo a opinião do meu público. Como no CD chego com uma coisa pronta e falo: “É isso, ouçam!”? No crowdfunding, tive várias ações, e uma delas foi uma playlist no canal pra que os fãs escolhessem três músicas pra entrar no CD.
Suas influências são bem pop, mas neste álbum você optou por focar mais no sertanejo. Por quê?
Se você olhar pelo meu canal, os vídeos que mais têm audiência são os de sertanejo. Nunca tive pretensão de fazer alguma coisa mais MPB. É um estilo que me agrada demais, mas não pra seguir carreira, porque o sertanejo fala mais alto. Tem a diferença entre o que a gente ouve e o que quer fazer. O sertanejo tem uma série de influências na minha vida, seja da infância, seja do que escuto atualmente, dos locais que frequento, do que o público me pede. Foi uma coisa muito natural.
E você pretende se manter na linha sertaneja?
Mesclo muito. Meu CD é sertanejo, mas tem ukulelê. A música te permite fazer essas misturas, não é preciso se limitar. Se você tem várias influências e acredita naquilo que está fazendo, tem total liberdade pra criar.
Claro que nos shows você vai divulgar seu novo trabalho, mas também terá que dar espaço pros covers de que os fãs tanto gostam. Como é feita essa divisão?
O CD só tem oito músicas, e o show, uma hora e 40 minutos. Então não conseguiria fazer o show só com músicas minhas. Sou bem eclética, vou bem na linha do que acho que vai agradar. Toco em balada, então meu show é muito animado, tem dinâmica, mesclo momentos românticos com os dançantes. Minhas músicas vão se encaixando nos momentos em que acho que vão ficar mais interessantes pro show.
O que você está planejando pro futuro próximo?
Tenho muita vontade de gravar um DVD, então vou começar a trabalhar nessa ideia. Deve ser pro ano que vem.