Virando Bixo

Mineira de Belo Horizonte, Camila Maia decidiu cedo que queria viver de música. Influência da avó que tocava piano e do pai guitarrista. Aos 9 anos, começou a ter aulas de piano e já acompanhava alguns shows da banda do pai. Sete anos depois, gravaria seu primeiro disco, com direito a uma música, “Eu não sou uma flor”, na trilha da novela teen "Malhação", da Globo. O clipe dessa canção entrou na programação da MTV e foi exibido no quadro "Garagem", do "Domingão do Faustão".

Como resultado, Camila teve a oportunidade de se apresentar em várias cidades de Minas. Em 2011, veio seu segundo álbum, “Novo dia”, após uma temporada na Inglaterra. O trabalho fez com que a cantora, que também começava a mostrar seu lado compositora, ganhasse espaço na mídia voltada para o público jovem. O terceiro trabalho autoral, o EP "Canções", foi lançado em 2014, já mostrando o amadurecimento de quem tinha 25 anos. No ano passado, Camila entrou para o casting do Midas Music, de Rick Bonadio, pelo qual acaba de lançar o EP que leva seu nome. Sobre o atual momento de sua carreira, ela deu a entrevista a seguir.

Com apenas 16 anos, você teve uma música na trilha de "Malhação", que foi parar também na MTV e no "Faustão". De lá para cá, foi-se uma década, na qual você gravou três discos. Que balanço você faz da sua carreira nesse período?
Fico muito feliz quando olho para trás e vejo minha trajetória. Comecei muito novinha e tive oportunidade de vivenciar coisas incríveis muito cedo. A música na “Malhação” foi uma delas. Um momento muito especial na minha carreira e que me possibilitou rodar o interior de Minas com meu show, enfim, começar uma fase mais profissional mesmo. De lá para cá, amadureci muito, descobri o meu lado compositora e cada disco é o reflexo desse crescimento. Hoje, com 27 anos, lanço esse EP como um marco na minha carreira, a transição da Camila menina para a mulher.

Por que você decidiu lançar um EP com quatro músicas agora, em vez de um disco completo?
Acredito que o formato EP seja uma tendência. Hoje as pessoas consomem tudo muito rápido, um disco fica velho após uma semana do seu lançamento e o público já quer algo novo. Acho que o EP atende bem o artista e seu público. Em quatro músicas, consigo mostrar o conceito do novo trabalho, posso diversificar o estilo das canções dentro o meu universo e consigo apresentar um trabalho sólido. Para as pessoas, também acredito que quatro músicas sejam o suficiente para conhecer o artista e fazê-las gostarem ou não do trabalho. Com o EP, conseguimos fazer um lançamento mais rápido e nada impede de, paralelo à divulgação deste, gravarmos mais canções e quem sabe fazermos o lançamento do disco cheio no futuro.

E por que escolheu fechar com a Midas Music?
Foi um encontro muito natural. No final de 2014, recebi um inbox no Facebook do Fernando Prado, que também assina a produção do meu EP juntamente com o Rick (Bonadio), falando que tinha mostrado meu material para o Rick, que ele tinha gostado e queria me conhecer. O Fernando é mineiro, morava em BH e me conheceu em 2006, na época da música da “Malhação”. Ele trabalha na Midas com o Rick há algum tempo, mas eu não sabia disso e tomei um susto quando li a mensagem. Achei que fosse um trote. [Risos] Sempre tive muita admiração pelo Rick como produtor, músico, empresário, admiração pela forma como ele conduz a carreira dos seus artistas, enfim, era um sonho poder trabalhar com ele um dia e, quando surgiu essa oportunidade, agarrei com tudo!

No material de divulgação do novo disco, a análise é de que você "migrou do pop acústico para uma MPB mais chique". Como você descreve essa mudança de estilo?
Essa mudança foi algo natural para mim. Acho que veio do amadurecimento mesmo, vontade de explorar coisas novas e gostei muito da experiência. Esse é um trabalho mais sofisticado, no qual utilizamos elementos da MPB, mas sem deixar de lado a minha veia pop, que faz parte da minha essência.

Quanto tem do dedo do Rick Bonadio nessa mudança?
Trabalhar com o Rick tem sido maravilhoso. Ele dá muito espaço para o artista mostrar a sua verdade. Seja na hora de compor, gravar, na definição do conceito do trabalho. Ele nos desafia a todo instante, quer tirar o melhor de cada um. E eu acho que foi isso que ele fez comigo. Foi um processo de autoconhecimento, me redescobri como cantora, ele me ajudou a encontrar o melhor timbre da minha voz, me mostrou referências incríveis, buscamos juntos compor e escolher canções mais maduras, com arranjos mais sofisticados, enfim, a ideia foi mesmo mostrar esse amadurecimento. Estou muito feliz com o resultado!

Duas das quatro canções do EP são de sua autoria. Hoje você se sente mais segura para aparecer cada vez mais também como compositora?
Com certeza, mas acredito que quanto mais praticamos, mais nos aprimoramos e nos sentimos mais seguros, é um exercício. E é claro que estar ao redor de pessoas tão talentosas é uma inspiração. Estou em um momento muito especial da minha carreira e o lançamento desse EP é a realização de um sonho.

Seu primeiro sucesso apareceu numa novela adolescente. Você acredita que seu público foi amadurecendo junto com você?
O mais bacana de ter começado muito nova é essa questão do público ter crescido comigo. É muito bom ver que muitas dessas pessoas continuam acompanhando o meu trabalho e percebem esse amadurecimento nas canções de cada disco. Fico muito feliz quando recebo mensagens de pessoas que me acompanham desde o começo e que hoje ainda se identificam com as minhas músicas. Devo muito a elas cada conquista da minha trajetória.

A partir deste EP, quais são seus próximos passos?
Fizemos o lançamento do EP em todas as plataformas digitais e gravamos o clipe da música "A vida é uma só", que está indo super bem no YouTube, mais de 115 mil views. Agora estamos fazendo um trabalho de assessoria de imprensa para divulgação do EP e paralelo a isso estamos produzindo o novo show, também com a direção do Rick. A ideia é fazermos um show de lançamento em São Paulo e BH e a partir daí cair na estrada para divulgarmos cada vez mais esse novo trabalho.