Virando Bixo

Em 2014, o “Fantástico”, da Rede Globo, exibiu o quadro “Bem Sertanejo”, no qual Michel Teló visitava grandes nomes da música sertaneja, de ontem e de hoje, para cantar e ouvir histórias e passagens da carreira de cada um dos convidados. Esse projeto deu origem ao DVD homônimo, que acaba de ser lançado. Além de uma hora de música, com repertório escolhido a dedo, o DVD traz várias entrevistas. Sobre esse trabalho, Michel deu a entrevista a seguir.

Como surgiu a ideia de retratar o mundo sertanejo não só com músicas, mas também com histórias e “causos”?
Vinha sonhando com esse projeto desde 2010. Inicialmente, era pra ser um DVD, mas, desenvolvendo a ideia, acabou virando um quadro no “Fantástico”. Queria mostrar a história da música sertaneja de um modo diferente. Em vez dos artistas irem se apresentar comigo num palco, queria ir à casa deles para tocar lá, num lugar onde se sentissem mais à vontade.

Como você conseguiu despertar o interessa da produção do “Fantástico”?
Achamos que o formato que idealizamos poderia virar um documentário. Levamos a ideia pro “Fantástico” e eles aceitaram de cara. E nos deram total liberdade, tanto que a produção foi da minha empresa, da nossa equipe.

Como você avalia o retorno em audiência e em satisfação pessoal?
Minha satisfação pessoal foi incrível, foi espetacular poder fazer um projeto assim. Por onde passamos, percebemos como as pessoas receberam o trabalho com muito carinho. Pessoalmente, pude estar com grandes ídolos, com pessoas que cresci ouvindo. Foi demais poder ir à casa de caras que têm músicas que canto desde criança. Claro que tínhamos o objetivo de dar audiência, estávamos num horário nobre da TV brasileira. Acho que conseguimos contar histórias, cantar música sertaneja e ainda atingir essa meta.

Houve momentos que você considera especiais nesse projeto?
Sem dúvida. Um deles foi ter ido ao Pantanal cantar com o Almir Sater. Também foi muito especial cantar com o Christian e Ralf, de quem sempre fui fã. E ainda com o Chitãozinho e Xororó, o Sérgio Reis, enfim, foram vários os momentos em que me realizei pessoalmente e profissionalmente.

Na produção do DVD, como vocês trabalharam pra chegar a um bom equilíbrio entre a parte musical e a de histórias?
A gente queria que o DVD fosse mais musical. No “Fantástico”, as pessoas ouviam pedaços de várias músicas, no DVD tem as canções completas. Mas colocamos algumas conversas pra pessoa que assistir se sentir naquele momento junto com a gente. O repertório foi escolhido de maneira muito natural. Eu levava na casa dos artistas sugestões de músicas de raiz pra cantar e a gente ia escolhendo juntos. Cantei umas oito músicas com cada convidado, escolher uma só não foi fácil. (Risos)

Quem vê o DVD percebe bem o quanto a música sertaneja mudou. Como você avalia essa mudança no estilo sertanejo?
Quando a música sertaneja começou a ser gravada, em 1918, 1919, era só uma sanfona e um violão. Desde então, veio evoluindo. Com o êxodo rural, o papo começou a ficar diferente, era a saudade da terra, de quem estava na cidade e queria estar no campo. Com a influência da Jovem Guarda, entraram guitarra, contrabaixo e bateria na música sertaneja. Nos anos 80 e 90, houve um grande boom sertanejo, com Zezé di Camargo, Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo. Então a música sertaneja vem se reinventando pra sempre estar na boca da galera. Não fosse assim, não seria hoje a principal música brasileira.

Vai ter uma nova temporada do “Bem Sertanejo”?
Ainda estamos estudando se vai rolar alguma coisa, se seria no próprio “Fantástico” ou num horário diferente. Ainda não sei. Agora estou focado em divulgar o DVD e em produzir meu novo disco de inéditas.

Por falar nisso, o que os fãs podem esperar pra 2015?
Já estou preparando esse disco de inéditas e teremos a turnê do “Bem Sertanejo”. Vamos misturar meu estilo, que é mais dançante, de balada, com a história da música sertaneja. Também tem um projeto bem legal, chamado “Bem Sertanejo – Encontros Ao Vivo”, que já teve uma edição em Porto Alegre, com Chitãozinho e Xororó. Nele, a gente faz um show bem improvisado, juntos no palco. Fica bem irreverente e as pessoas acabam se divertindo bastante.